Três valetes de copas

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

"Só tu me fazes dizer as coisas que te digo. Estou à tua espera. Quando chegares vou-te morder devagarinho. Só até fazer doer. Agora, para que o tempo passe, vou escrever o que passa pela minha cabeça. É então assim.
Eu sou um menino, tu uma menina. Um menino é em tudo diferente de uma menina e em tudo semelhante. Isto é a primeira complicação. Como todas as outras derivam desta e resumem-se nesta não vale a pena perder tempo com mais complicações.
Restam as coisas simples. São as mais belas. Por exemplo o haver uma pessoa que goste de outra. Isto é o mais belo de tudo o que há no mundo por mais que se procure por todo o lado. O que é que quer dizer uma menina gostar de um menino ou um menino gostar de uma menina? Quer dizer: fazerem tudo um pelo outro. O tudo é que pode ser maior ou mais pequenino. E o que quer dizer um menino gostar de uma menina que também gosta desse menino? Isso é o fim do mundo.
De vez em quando, muito de vez em quando, há o fim do mundo. O mais engraçado é que ninguém nota. O menos engraçado é que ninguém aprende. Isto é: ninguém sabe nem como começa nem como acaba, nem como se repete. Para dizer a verdade nem se sabe como dura um fim do mundo em que duas pessoas podem fazer tudo, são tudo, sem mais ninguém. Não está bem.
É por isso que há os amigos. Os amigos sobrevivem aos fins do mundo. Este é o único critério. A amizade é tão bonita como o amor e tem a obrigação de durar mais tempo. Por aqui se vê que o tempo é muito importante. E o que é que dura mais tempo? É a família. É mesmo a única coisa que dura do princípio ao fim. Porque o pai só é pai quando tem um filho e o filho só é filho quando tem um pai e assim é como se fosse o filho a criar o pai. Isto parece muito complicado mas é muito simples e portanto muito belo. e por aqui se entra na religião.
()
A vida não é uma sucessão de pequenos fins mas sim uma sucessão de pequenos milagres e não digo mais nada até tu chegares para te começar a morder. Só, só até doer."

Pedro Paixão



Quando a vida nos põe a língua de fora o que é que lhe podemos fazer a ela?


E de repente começo a ousar sorrir e a acreditar na possibilidade de realizar um sonho muito desejado.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

desfaz-se com dúvidas e medos e começa a despedir-se antes da hora da partida. não consegue ignorar os monstros que a visitam, fantasmas feitos obstáculos, alimentados pelo terror da decisão. quer fechar os olhos logo ao amanhecer e esquecer que virou na esquina errada. não esperar nada. não esperar por nada. de ninguém. e o peso dos outros, porquê tanto? sabe o que vai encontrar nos lábios e nos olhos daqueles com quem se irá cruzar. é urgente ganhar o fôlego que não tem.

Sente-se triste. É triste. Não sabe o que é. Aconteça o que acontecer.
Afinal tudo se resume a isto.